MÚSICA

Videoclipes do AX-80s

Olha só, para quem curtiu o post anterior e ficou curioso pelo trabalho dos caras, Area Orbital traz agora alguns videoclipes do AX-80s, devidamente comentados.

Afinal, o AX-80s tem tudo pra agradar tanto aqueles fãs jovens, nostálgicos da boa era musical, que curtem as vibes mais eletrônicas e modernas do synthwave, quanto aqueles que viveram os anos 80/90 e só querem ouvir uma guitarra sob o céu anil de 1987.

 AX-80s: O duo brasileiro de Synthwave

O AX-80s é um duo brasileiro liderado por Afrânio Alves e Xande Rosa. Numa entrevista à LULLY FM, Afrânio afirmou que tocava black-music e que bandas como Rush e o U2 haviam sido as suas primeiras influências. Já o Xande sempre foi um metalhead – teve até uma banda cover de Iron Maiden e, além disso, fez sucesso com a banda SUKHOI.

Com vários vídeos e singles lançados; o AX-80s traz uma mistura de estrada e frescor, o que proporciona, então, uma vantagem rara: seus músicos soam vintage sem parecer retrô forçado. E isso, num mundo saturado de estética, é ouro!

Selecionamos, por isso, alguns vídeos para serem curtidos num dia calmo, com uma xicara de café na mão, ou uma caipirinha com os amigos.

Aqui, o AX-80s entrega um videoclipe em preto e branco, enquanto o duo surge na tela com uma postura mais roqueira. O som tem uma base synth bem marcada, com vocais suaves e uma vibe que parece saída de um sonho elétrico. A influência do dream pop aparece forte.

Se você curte bandas como Beach House ou M83, vai sacar a pegada.

Com cara de hit perdido dos anos 90, “Calendário” tem mais peso de guitarra, numa levada que lembra Legião Urbana em um clima futurista. O vocal é direto, e a letra fala da passagem do tempo de forma simples e poética. Um dos clipes mais acessíveis para quem curte o rock nacional portanto, e quer flertar com o synthwave.

Um dos videoclipes do AX-80s com forte influência da estética glitch art, a obra mistura imagens do Rio de Janeiro com filtros saturados, distorções de tela e frames quebrados. E cria, assim, uma atmosfera que conecta a paisagem urbana brasileira ao universo visual dos anos 80 digitais. O resultado é uma experiência que evoca os VHS esquecidos dentro de algum armário antigo.

Essa aqui é uma viagem. O vocal, frio e etéreo, parece se dissolver nos sintetizadores, como se fosse um pensamento solto, uma lembrança distante. Ademais, a referência a Cocteau Twins e The Midnight faz todo sentido, neste momento.

Além disso, um vídeo, minimalista e glitchado, complementa a experiência sensorial.

Um som para se perder … e se encontrar!

Outra música que parece capturar aquele instante suspenso entre o ontem e o amanhã … “Um Segundo a Mais” traz um synthpop melancólico, embalado por camadas etéreas de teclado e uma batida que soa assim como um coração hesitante. A guitarra entra suavemente, quase sussurrada, reforçando a sensação de saudade e esperança ao mesmo tempo.

Já o videoclipe segue uma estética glitch delicada, com cores desbotadas e fragmentos visuais que lembram memórias partidas — como se o tempo estivesse escorregando pelos dedos. Há, além disso, ecos de uma certa dose de melancolia encontrada na música brasileira, com um pé no retrô e outro na contemplação contemporânea.

Tá aí uma canção para se ouvir olhando pela janela, numa tarde chuvosa, pensando nas possibilidades que um segundo a mais pode trazer.

Finalizando nossa amostra dos videoclipes do AX-80s, tomamos a liberdade de oferecer uma crítica construtiva ao duo (porque toda boa arte aguenta uma).

Se há algo que pode ser refinado na banda, talvez esteja na produção dos vocais. Em algumas faixas, eles soam um pouco distantes demais — o que pode ser uma escolha estética, claro, especialmente dentro do dream pop. Mas talvez um pouco mais de presença nos vocais traria mais reforço emocional às letras, aproximando ainda mais o ouvinte.

Fora isso, o que o duo constrói é de altíssimo nível, especialmente quando pensamos em uma cena synthwave brasileira ainda em formação. Eles estão entre os poucos que realmente trazem alma e brasilidade para o gênero, sem perder a essência eletrônica e visual do estilo.

Marcel Calza é jornalista cultural, tendo editado a revista de rock Sacred Sound de 2002 a 2009. É produtor de shows de 2010 aos dias atuais.

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