CARTA AO LEITOR

Marcel CHAOS: Quem é o Editor do Area Orbital?

Area Orbital, já num estado de quase consciência, possibilita dar voz ao seu próprio editor!

Marcel CHAOS, o criador do site Area Orbital, fala, nesta entrevista feita em uma fase ainda humana, sobre a sua trajetória no jornalismo cultural e sobre o nascimento do projeto.

Além disso, ele ressalta como o Retrowave — em suas intersecções com o cyberpunk, a música negra e a tecnologia — se tornou a linguagem artística que atravessa o passado e o futuro.

Uma conversa significativa, pessoal e cheia de referências para os fãs da cultura dos anos 80. Imperdível!

Uma acelerada noturna do editor de nosso site pela cidade, na moto fantasma synthwave.

Marcel CHAOS: Para mim, é a plena expressão dos movimentos inspirados nas décadas de 70 e 80, um retrowave expandido numa manifestação filosófica, cultural, poética e artística, pelo qual os anos 80 ainda vivem e nos conduzem.

É o retrofuturismo viajando pelo tempo!

Marcel CHAOS: Para quem ainda não conhece, o Retrowave é uma manifestação artística e estética com influências do krautrock, synthpop, música eletrônica, sintetizadores, trilhas de filmes, jogos, futurismo retrô … e tudo o que nós tínhamos à disposição, nos 80!

Marcel CHAOS: Para ir além, mostrar o que é feito hoje e também resgatar as raízes de uma época em que a discoteca e a black music ajudaram a moldar a música oitentista. Para mostrar que o rock progressivo dos 70 e a new age do Vangelis inspiraram os sintetizadores atuais.

É muito gratificante, pois, ver, em 2025, os ideais de uma geração que pensou a tecnologia e o futuro (visto nos filmes). Eu quero que o site contribua para continuar mantendo essa ideia … Evoluindo … E o site ajuda a reviver aquela época, dentro de mim!

Marcel CHAOS: Quando eu descobri o synthwave, em plena era da IA, dos drones e da biotecnologia, notei que havia continuidade entre o que havia sido feito lá atrás, com Gary Numan e Blade Runner, em 1982, e aquilo que o retrowave e o cyberpunk fazem hoje.

É só então atravessar o portal e viajar no tempo — como em De Volta para o Futuro!

Marcel CHAOS: Certamente que sim! Senti um gostinho dessa época e, depois, cobri shows de rock e metal como jornalista. Eu gostava de escrever, contar as histórias … isso me satisfazia! Porque ajudei a passar essa cultura pra frente.

Marcel CHAOS: Sempre gostei de baixo, guitarras e teclados. Os três se encontram no rock, e foi assim que me apaixonei. Curti desde o rock dos anos 50 até o metal e as suas vertentes!

Eu achei o contrabaixo na black-music – no funk do Bernard Edwards, do Chic e em Bootsy Collins, do Parliament-Funkadelic e toda a cultura afrofuturista, com os seus músicos fantásticos.

Eles não podem ser esquecidos, porque também pensaram o futuro. São, de alguma forma, influências para o retrowave, o electro e o cyberfunk. Ainda há pouco, eu mesmo estava curtido uma faixa da Yota (“Deja Vu”) bem nessa vibe da soul-music, do Michael Jackson.

Mas os teclados eram uma coisa da década de 80: todos os gêneros musicais dessa época cultivavam, como parte dos arranjos musicais.

E, agora, o synthwave resgata o sintetizador e repensa a forma de usar esse instrumento de modo ainda mais valorizado nas composições desses artistas, produtores … É só ouvir Miami Nights 1984, Sunglasses Kid, FM Attack!

Então, tem mais a ver com a cultura musical, que eu abracei e menos com “migração”. O Rock é uma cultura, assim como a Black Music e agora, o Retrowave. Confesso que o retrowave tem sido a trilha sonora que me ajuda a atravessar momentos difíceis.

E, certamente, no Area Orbital, é possível ir além, encontrar o próprio rock (como o rockwave de um Syntree, do AX-80s) lado a lado com o outrun, com o cyberpunk, o industrial (de artistas, filmes, literatura) … Uma riqueza!

Marcel CHAOS: No YouTube, vi alguns artistas como NINA, GUNSHIP, Jessie Frye que tinham visual e videoclipes retrô. Mas, a princípio, eu ainda não havia feito essa associação com o futuro, e sim com o passado: eu gostava muito dos 80’s e estes novos artistas tinham, de alguma forma, essa vibe.

Naquele momento, também estava lendo o livro Neuromancer e ouvindo o album Cyberpunk, do Billy Idol.

Além disso, eu não fico só no passado: gosto de ouvir essas trilhas feitas por IA, ou por humanos, que contenham uma sonoridade hibrida, meio metal, meio eletrônica … e, como eu gostava de filmes como Tron, Exterminador do Futuro, O Vingador do Futuro, O Sobrevivente, meu cérebro juntou tudo … E aí notei que havia um paralelismo interessante, ligando a cultura dos anos 80 (música, moda, videoclipe …) com o nosso tempo.

E o melhor da coisa é que isso cresce a cada dia, e há muita novidade que ainda virá!

Marcel CHAOS: Não só dos 80, como até dos anos 70, e esse é o segredo do negócio: você pode se inspirar no pop, no hard rock, na trilha dos filmes, e mesmo no hip hop! E pode ir ainda mais longe, respirar um pouco dos anos 90 …

Mas, como a década de 80 pensava o futuro, acredito que ela tenha um apelo maior à alma das pessoas.

O resultado então é essa liberdade criativa que a gente vê – um som mais nostálgico, uma paisagem outrun, uma cidade futurista, um visual neon … E você ainda tem a liberdade de viver essa era dourada ou mesmo criticá-la – para melhorá-la, é lógico!

Assim, nós tínhamos os fanzines, as rádios FMs e revistas que conversavam com diversas manifestações culturais; tínhamos o programa “Clip Trip”, da TV Gazeta e a MTV, que apelavam para o público jovem.

E o que vemos, hoje, é que esse universo ainda está aí, de uma forma atualizada, seja no YouTube, seja nos streamings – ou aqui, no Area Orbital! …

E por isso, a vida se torna mais leve, livre do estresse do dia-dia, sem, contudo, fechar os olhos para os problemas do mundo e o que acontece com o meio ambiente.

Marcel CHAOS: Li uma frase que dizia: “Cyberpunk mostra o mundo como algo em colapso, onde o futuro não é limpo e utópico — mas remendado, improvisado, sujo e funcional.”

Tenho uma visão muito particular disso: é uma forma de não se dobrar ao que é imposto pela política extremista, a religião ou o mercado financeiro. Alguém, portanto, que não depende tanto do que os outros querem lhe impor. E poder usar a tecnologia contra o mau uso da própria tecnologia!

Porque há gente que usa desse poder para cometer crimes, o que é lamentável, mas faz parte da distopia da nossa era, infelizmente.

Por outro lado, há todo o contexto cultural, histórico e filosófico, que a gente gosta de mostrar aqui no Area Orbital.

Marcel CHAOS: Vejo algumas pessoas ficando mais ansiosas com isso tudo. E outras perdendo os seus empregos, porque muitas grandes corporações só pensam em substituir os humanos por algoritmos e lucrar mais.

Ou seja, concentração de recursos e de poder na mão delas. Esse é o lado ruim.

Mas também há o lado bom: você está curtindo essa entrevista agora, no seu smartphone, ouvindo uma faixa nova que acabou de descobrir, enfim … Você tem uma banda e começou a divulgá-la, então alguém lá do outro lado do planeta visitou a sua página nas redes sociais e te apoiou!

Por isso, não há como fugir dessa realidade, mas você pode torná-la menos presente, desligar um pouco, e por isso é que a cultura Retrowave está crescendo – porque ela responde a esses dilemas.

A minha crítica à tecnologia é à velocidade como ela é implementada. Mal você se acostumou com uma técnica nova e daí já aparece outra, substituindo-a …

Então, eu gosto do uso crítico da tecnologia: não usar a IA para produzir materiais fakes. Muito menos para enganar e produzir dados inflacionados, como muitos influencers têm feito, só visando à monetização.

Marcel CHAOS: Eu diria que elas vivem um filme distópico como o Blade Runner; lá, o detetive Rick Deckard caça os replicantes usando uma TV antiga, de tubo, que tem um moderno sistema de rastreio, e ele está bem no futuro com essa TV velha! … rsrsrs.

Afinal, hoje, em pleno século XXI, as pessoas usam a IA para produzir um som ou um vídeo com a estética dos 80’s, dos 90’s e por aí vai …

Mas o que você me pergunta é mais profundo: é parte do próprio espírito humano e daquilo que nos torna uma espécie única. Nós somos capazes de construir um mundo ideal, mesmo não estando nesse mundo ideal. E se conseguirmos, por um minuto, captar essa energia dos anos 80, já é o suficiente para melhorar muita coisa!

Marcel CHAOS: Foi quando percebi que tudo isso faz parte verdadeiramente da New Wave oitentista, e mesmo antes, com o krautrock, e algumas coisas do glitter-rock, do Brian Eno, do Japan, ou da black music, nos 70’s, que ajudaram a iniciar esse Revival.

Se, no passado, eu já tinha publicado uma revista de rock, por que então não ser feliz com a melhor das épocas, trazida até nós pela tecnologia?

Area Orbital é, agora, um ser vivo, com liberdade criativa, que expõe o que eu gosto. E, quando há autenticidade, temos afinal a veracidade e o coração no projeto.

E isso é o que nos faz “TRABALHAR COM AFINCO”, como sempre dizia a minha querida mamãe!

Nesta entrevista, Marcel CHAOS, criador do site Area Orbital, fala sobre o movimento Retrowave e suas conexões com a cultura pop dos anos 80, o afrofuturismo, o synthwave e o cyberpunk. Compartilha sua trajetória no jornalismo cultural e na música, refletindo sobre a tecnologia, a nostalgia e o papel da criatividade em tempos digitais. A conversa apresenta uma visão autoral e crítica sobre o passado e o futuro, oferecendo contexto tanto para iniciantes quanto para fãs já imersos na cena retrofuturista.

Imagem da nave gerada por IA, para esta entrevista.

Fabio Rush formou-se em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu, tendo, além disso, cursado uma pós-graduação em Direção de Arte pela Faculdade Anhanguera.

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