CINEMA

Blade Runner: um Clássico dos Anos 80 para Hoje

O filme que reposicionou a ficção científica, com dilemas éticos que permanecem desafiadores. Afinal, a trama de Blade Runner – O Caçador de Androides não é apenas sobre caçar “replicantes”, e sim, sobre o que de fato nos torna humanos.

Esta obra-prima do cinema Cyberpunk se revelou uma influência universal, com marcas profundas na cultura pop, nos games e na música Synthwave.

Numa Los Angeles futurista se passa o filme Blade RunnerO Caçador de Androides (“Blade Runner”, 1982) . A humanidade está avançada em engenharia genética, robótica, arquitetura … O ser humano quebrou a barreira espacial e fundou colônias fora da Terra, porque todo esse desenvolvimento veio acompanhado do esgotamento do planeta e consequentemente, do desequilíbrio ambiental.

Contudo, algo ainda mais grave fugiu ao controle das autoridades: os robôs – criados para sustentar a vida humana fora da Terra – ganharam sentimentos e, após uma rebelião, o cabeça dos androides lidera um pequeno grupo até a Terra em busca de sentido.

L.A. é uma imensa concentração de pessoas vagando debaixo de uma chuva ácida, em meio a prédios enormes, que gravitam ao redor da poderosa Corporação Tyrell, criadora da tecnologia não humana. A cidade é vigiada por drones, carros aéreos da polícia, porém, mesmo com todo esse aparato, crimes vão sendo cometidos e até um figurão da polícia foi assassinado.

Pelos cantos escuros da cidade, robôs se esgueiram à procura de seu criador: eles querem … vida! Então se misturam à multidão, sem serem notados, pois são mais humanos que os próprios humanos: na aparência, nos sentimentos aflorados, no medo de serem capturados.

Sem um governo com regras claras porém, ou a presença de um prefeito … é o chefe de polícia quem dá as ordens, a mando do CEO da Tyrell Co. E assim, um policial experiente é convocado para caçar os androides: Rick Deckard.

Ele vai matar, vai se apaixonar e até mesmo duvidar de tudo o que acontece. Vai botar seu modo desligado, quase robótico, para dar conta da terrível missão que o aguarda. Nesse meio tempo, terá de proteger a vida de uma inocente. E, a partir daí, entrará em conflito consigo mesmo. E as coisas só irão piorar pra ele.

 Blade Runner:  Cena de Los Angeles distópica sob chuva ácida e anuncios em neon

O diretor do filme, Ridley Scott, desenvolveu todo um universo visual para Blade Runner, a partir do romance de ficção cientifica Androides Sonham Com Ovelhas Elétricas? , de 1968, escrito por Philip K. Dick. Com isso, ele acabou por gerar uma estética, chamada de Cyberpunk.

A partir dos filmes noir, o ator Harrison Ford e seu personagem, Rick Deckard, refazem o detetive comedido, a la Humphrey Bogart, passeando com seu sobretudo e uma arma em punho, pelas ruas da cidade. Figuras que parecem ter saído de um pesadelo aparecem por toda parte, sempre naquela mesma vibe tecnológica dark, futurista … Contrastam com a beleza e a amargura de Rachael, estrelada por Sean Young. Ela e Deckard protagonizarão uma das cenas de amor mais inesquecíveis do cinema, turbinada pela ideia alucinante da paixão entre o homem e a máquina … Tudo embalado por uma trilha sonora das mais emocionantes.

O filme é, assim, uma viagem, e o artista Vangelis, com os seus teclados tecnológicos, proporcionou a atmosfera necessária às imagens sequenciadas em Blade Runner.

Blade Runner foi um dos melhores filmes da década de 1980, mudando a ficção científica e influenciando várias outras produções posteriores, tanto em estética, quanto em temática. Uma daquelas obras que contribuem para o cinema ser arte, questionando a nossa própria humanidade, enquanto mergulhamos na chuva ácida de uma metrópole futurista.

Ridley Scott nos transporta, assim, para uma Los Angeles distópica, onde a busca pela identidade pessoal e pelo sentido da existência se entrelaçam.
A versão definitiva, com o corte do diretor, é a melhor, pois assegura a forma como Scott queria que o filme fosse.

Uma sequência recente foi feita com Blade Runner 2049, além de games e criações artísticas de designers no Pinterest. O que basta para provar, portanto, a importância de uma produção que nunca sai do imaginário popular.



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Fotos: Warner Bros – Blade Runner Gallery

https://www.warnerbros.com/movies/blade-runner#gallery

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Marcel Calza é jornalista cultural, tendo editado a revista de rock Sacred Sound de 2002 a 2009. É produtor de shows de 2010 aos dias atuais.

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